
Na semana em que se celebram o Dia Nacional da Educação Ambiental (3 de junho) e o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), o especialista Renato Rodrigues fez um chamado importante no quadro Palavra de Especialista, do programa Planeta Campo. Para ele, o Brasil tem um enorme potencial de liderança global no agro sustentável, mas ainda precisa consolidar essa posição com ações concretas, coragem institucional e compromisso ambiental.
Rodrigues destaca que o país já é uma potência produtiva, reconhecida por sua capacidade de alimentar o mundo. No entanto, ainda falta ao Brasil o status de uma potência agroambiental, onde a sustentabilidade e a conservação ambiental façam parte da essência do negócio rural. Isso só será possível com visão de longo prazo, investimento em ciência e tecnologia e um posicionamento firme diante dos desafios ambientais e climáticos.
O agro precisa ir além da porteira
O especialista defende que o agro brasileiro já pratica boas ações dentro da porteira, como o uso de plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta, insumos biológicos e recuperação de áreas degradadas. No entanto, essas iniciativas precisam ser ampliadas, conectadas e defendidas também fora da propriedade, por meio das instituições representativas do setor.
Segundo ele, negar as mudanças climáticas ou tolerar o desmatamento ilegal é um erro estratégico que compromete a imagem do agro brasileiro e sua inserção nos mercados internacionais. “Em 2025, não cabe mais negar a crise climática ou aceitar narrativas retrógradas”, afirma.
Rodrigues também reforça que a preservação de nascentes, matas nativas e biodiversidade não deve ser vista como obstáculo, mas sim como condição para garantir produtividade no longo prazo, adaptação climática e acesso aos mercados exigentes.
Mudanças climáticas já impactam o campo
O especialista lembra que eventos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, já fazem parte da realidade dos produtores e devem se intensificar nos próximos anos. Por isso, é urgente que o setor invista em adaptação e mitigação climática, com base em políticas públicas sólidas e no uso de tecnologia e inovação.
Para ele, a solução passa pela integração entre práticas produtivas sustentáveis, compromissos ambientais e posicionamento institucional mais claro. É preciso comunicar bem os avanços do setor e se afastar de discursos que colocam em risco sua reputação e competitividade global.
Protagonismo global depende de coragem
Renato Rodrigues conclui que o agro brasileiro está diante de uma escolha histórica: pode resistir às transformações globais ou liderar uma nova era de sustentabilidade e inovação no campo. E deixa um recado direto ao setor: “Fazer o certo dentro da porteira já não é suficiente. É preciso defender o certo fora dela.”
A Semana do Meio Ambiente, para ele, deve ser mais do que uma data simbólica. É um convite à ação estratégica e duradoura. O agro que preserva, inova e assume responsabilidades será aquele que prosperará — e é essa versão do Brasil que deve ser apresentada ao mundo.