Bacaeri Boiteca

Integração entre gado e teca impulsiona lucro e sustentabilidade

Sistema da Embrapa une pecuária e cultivo de teca em Mato Grosso, elevando ganhos e reduzindo impactos ambientais.

Integração entre gado e teca impulsiona lucro e sustentabilidade

A Embrapa Agrossilvipastoril lançou, em Mato Grosso, o Sistema Bacaeri Boiteca, que combina a pecuária de corte com o cultivo de teca, uma madeira nobre de alto valor. A proposta, segundo o pesquisador Maurel Behling, busca aproveitar o potencial das duas atividades para gerar renda, sustentabilidade ambiental e bem-estar animal. A novidade já começa a atrair a atenção de pecuaristas que desejam diversificar e valorizar suas áreas produtivas.

A lógica é simples e eficiente: usar áreas de pasto para plantar teca, sem abandonar a criação de gado. A árvore, além de ter rápido crescimento e alto valor agregado, oferece sombra e conforto térmico para os animais, melhora o desempenho reprodutivo e intensifica o ciclo de nutrientes do solo. “Estamos falando de um modelo que melhora a produtividade animal, a qualidade do solo e ainda estoca carbono, contribuindo com a mitigação das emissões de gases de efeito estufa”, destaca Maurel.


Sustentabilidade e conforto térmico para o rebanho

A teca não apenas oferece uma nova fonte de renda com a venda da madeira, mas também melhora a ambiência da pastagem. Em regiões quentes, como o Mato Grosso, a sombra contribui para o bem-estar dos bovinos, otimizando o ganho de peso e os índices produtivos da pecuária.

Mas o sucesso depende de um bom manejo das árvores. A teca exige podas frequentes, feitas quase todos os anos, o que, segundo o pesquisador, beneficia a entrada de luz e mantém a produtividade da pastagem semelhante à de uma área a pleno sol. Essa prática também garante que a madeira seja de qualidade superior, com mais valor no mercado.

Outra vantagem é o estoque de carbono. A madeira de teca possui um ciclo de vida longo, podendo reter carbono por até 20 anos, com potencial de seguir estocado mesmo após o corte, caso a madeira seja usada em móveis ou construções.


Teca como alternativa de diversificação com alto valor agregado

Com cerca de 80% da área plantada de teca no Brasil, Mato Grosso lidera essa atividade florestal. Porém, com a valorização da terra, a expansão do cultivo passou a exigir alternativas. O Sistema Bacaeri Boiteca surge então como uma solução viável: utilizar áreas de pecuária já consolidadas para expandir a silvicultura, sem substituir a atividade principal.

De acordo com os dados da Embrapa, os sistemas com teca podem atingir até R$ 3,70 de retorno para cada real investido — valor superior ao de outras culturas florestais e muito atrativo para pecuaristas. “A árvore agrega muito valor. E quando bem conduzida, com manejo adequado, transforma o sistema em uma atividade altamente lucrativa”, reforça Maurel.


Parceria viabiliza o plantio e reduz custos para o produtor

A maior barreira para a adoção do sistema era o custo inicial do plantio e o tempo até o retorno, que pode levar até duas décadas. Para isso, uma parceria com a TRC, maior empresa plantadora de teca do mundo, viabiliza a implantação do sistema. Desde 2023, a empresa oferece contratos com produtores, assumindo todo o custo da implantação e manejo das árvores.

Essa iniciativa é vista como um divisor de águas. “A TRC tem mais de 30 anos de experiência no cultivo de teca. Agora, o produtor pode integrar essa atividade sem ter que investir sozinho ou correr riscos altos. É uma oportunidade real de diversificar, ganhar mais e ainda colaborar com a sustentabilidade”, explica o pesquisador.


Perspectivas de crescimento no Brasil

O sistema Bacaeri Boiteca se mostra promissor para diversas regiões, principalmente em áreas de fronteira agrícola como o Pará, onde a demanda por sistemas produtivos mais sustentáveis cresce. A expectativa é que, com a adesão de grandes empresas e a assistência técnica adequada, o modelo seja replicado em larga escala nos próximos anos.

Além dos ganhos ambientais e econômicos, o sistema fortalece a imagem do produtor comprometido com a sustentabilidade e contribui para o cumprimento de metas ambientais do Brasil. “É um sistema que mostra que é possível produzir mais e melhor, sem abrir mão da responsabilidade ambiental”, conclui Maurel Behling.

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