Uma propriedade rural familiar transformou sua atividade tradicional em um exemplo de inovação e sustentabilidade no agronegócio. Liderado por Flávia Garcia Cid, o projeto teve início com o cultivo de citronela e hoje integra uma cadeia produtiva completa, que vai da extração de óleos essenciais à fabricação de biofertilizantes, passando por uma indústria de secagem de folhas. Com práticas sustentáveis e foco em economia circular, o empreendimento é um verdadeiro caso de sucesso no agro.
A jornada começou há cerca de dez anos, quando a família, antes dedicada à pecuária, decidiu diversificar sua atuação com o plantio de citronela. A meta era montar uma pequena indústria para extração de óleos essenciais. O que era apenas uma nova aposta, logo se transformou em um modelo de produção inovador e ecologicamente responsável.
“Nós sempre trabalhamos com pecuária, e há dez anos decidimos plantar citronela para iniciar uma indústria de extração de óleos essenciais. Desde então, expandimos e diversificamos nossa produção no campo”, explica Flávia.
Hoje, além da citronela, a fazenda cultiva capim-limão, melaleuca, palma rosa, erva-baleeira, entre outras plantas aromáticas. Também produz folhas secas de espécies como a passiflora encarnata, que são direcionadas a indústrias farmacêuticas, alimentícias e nutracêuticas.
A produção é orgânica e totalmente rastreável, da lavoura à indústria. A certificação orgânica assegura a qualidade e segurança dos produtos, que abastecem uma variedade de segmentos. Entre os principais mercados atendidos estão o agro, o de cosméticos, o farmacêutico, o de aromaterapia, o domissanitário e até o de nutrição animal.
Os óleos essenciais, segundo Flávia, são muito mais do que componentes aromáticos. “O óleo essencial não é algo místico, é uma química natural. Cada planta tem princípios ativos com propriedades anti-inflamatórias, bactericidas e terapêuticas específicas”, destaca a empresária.
Um exemplo prático é o uso de determinados óleos na alimentação animal. Alguns deles tornam as rações mais palatáveis, enquanto outros contribuem para o bem-estar dos animais, promovendo melhorias na digestão ou no sistema imunológico.
A sustentabilidade está presente em todas as etapas da cadeia produtiva. A fazenda adota uma série de práticas para reduzir o impacto ambiental. Entre elas, uso racional de água com auxílio de drones térmicos, coleta seletiva de resíduos, criação de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) para conservação da área legal e proteção de nascentes. Além disso, os resíduos do processamento das plantas são reaproveitados para geração de biogás, reduzindo o uso de lenha.
Esse compromisso com a economia circular levou a empresa a expandir suas atividades para além dos óleos essenciais. Hoje, o grupo conta com uma indústria de secagem de plantas e está lançando uma fábrica de biofertilizantes 100% vegetais e orgânicos, produzidos a partir de coprodutos e extratos vegetais.
Os novos biofertilizantes, conforme relata Flávia, são resultado de anos de experiência no manejo e extração de óleos. Eles estão sendo testados em culturas como soja, milho, arroz e feijão, com resultados altamente promissores em produtividade.
“Estamos lançando biofertilizantes totalmente naturais, sem nenhum traço animal. Eles são veganos e orgânicos, com resultados em produtividade inacreditáveis. E o melhor: podem ser usados junto com fertilizantes químicos”, afirma Flávia.
Outro diferencial do projeto é a integração da cadeia. A empresa atua desde a pesquisa e cultivo até o processamento e comercialização dos produtos. A rastreabilidade, o controle de qualidade e a inovação são pilares fundamentais do modelo adotado.
Além da expertise adquirida ao longo dos anos, a empresa também valoriza os dados e feedbacks recebidos dos clientes — muitos deles da área de saúde humana e veterinária. Essas informações têm sido fundamentais para o desenvolvimento de novos produtos, inclusive os bioinsumos voltados à proteção e nutrição de plantas.
O projeto liderado por Flávia Garcia Cid é um exemplo concreto de que é possível inovar no agro com responsabilidade ambiental, viabilidade econômica e geração de valor. Mais do que produzir, trata-se de transformar conhecimento, recursos naturais e resíduos em soluções sustentáveis para diferentes setores da economia.